sábado

está frio, não está?

Uma correria aturdida que persegue algo que não se vê, no fim da linha.
Está sol e está frio, não vale a pena esse capote brilhante de preto. Não vais reflectir estrelas do céu, é de dia, já te disse. Há coisas que ao sol estremecem. São duras. São frias. São gelo.

São minhas.
Deixa-te de palavras mansas e evitadas, de uma mentira entre cada duas letras, porque isso era dantes. Dantes é que o frio pelava, e transcendia. Antes ainda, não havia rotinas, nem pães a esquecer à porta. Não havia doces em cada esquina, e não havia sorrisos completos. Estou farta da verdade doce que sussurra o vento, prefiro a mentira dura batida em cada mármore da escadaria em que tropeço. É mais real. Essas verdades magoam menos, matando.

Chega de histórias verdadeiras em que não acredito, são ridículas. Chega de gritarias infernais que não se ouvem. Chega de bater em cada tecla esperando prender, e largar a cada batida. A cada vez que salto um batimento.
Chega do que não é meu. Daqui a dois dias eu saio.

Outra vez.
Outra vez.
Outra vez o dramatismo e teatralidade que me despedem de um dia quente, e fica frio.








Está gelado aqui.