terça-feira

mais uma vez hesitas.

com o ecoar do desejo, o vermelho e o verde saltaram, e dançaram sobre tua razão.

razão desprendida e mal compreendida de dias menos contentes.







brilhará, fluorescente?

quarta-feira

for the times they are a-changin'

terça-feira

e vermelho e verde, seu coração nunca parara de bater.




mas o plástico escorria, líquido.

domingo

Pena é nem te dares conta.
A ilusão é ter o olho todo aberto.
Sem palavras medidas ou contadas, ou contadas ou medidas ou pensadas, quase sem palavras, sem nexo, sem fio, sem corpo, sem alma.

Corri, nasci, corri, morri de novo e a cada dia renasceu nas cinzas da fénix pagã uma dor de existir nova.

Olhei, de recanto, o passado e arrebatou-me um amor por mim. Pena já não ser eu a flor da calçada, pena já só ser musgo seco recalcado no teu muro de betão - bruto betão te benze.

Pena é o sono, a morte cerebral de não ter segundos de existência. Pena é dezoito anos de vida terem sido dois segundo, um p'ra ele, meio p'ra ti.

Pena é pelo sonho teres morrido dez vezes, e pena é ele ter morrido antes de ti. Pena é a morte melancólica de Diana, da irónica Diana.

Pena é o teu matagal de pêlos ruivos de sangue estar raso de vida, pena é teres sido devastada pela peste do bicho.

Pena é já não saberes ler, não saberes escrever, não saberes falar. Pena é já não saberes ser e pensares a cada passo num futuro que vomitas com ódio.
Pena é que de tanto bater o teu coração se engasgue, se cuspa de recordações nostálgicas da merda que eras - mas eras.

Pena é seres a mediocridade do banal e não quebrares as regras.
Pena é a vida já não habitar no teu miserável corpo, flácido, gordo, abundante.

Pena é teres pena.