sábado
está frio, não está?
Está sol e está frio, não vale a pena esse capote brilhante de preto. Não vais reflectir estrelas do céu, é de dia, já te disse. Há coisas que ao sol estremecem. São duras. São frias. São gelo.
São minhas.
Deixa-te de palavras mansas e evitadas, de uma mentira entre cada duas letras, porque isso era dantes. Dantes é que o frio pelava, e transcendia. Antes ainda, não havia rotinas, nem pães a esquecer à porta. Não havia doces em cada esquina, e não havia sorrisos completos. Estou farta da verdade doce que sussurra o vento, prefiro a mentira dura batida em cada mármore da escadaria em que tropeço. É mais real. Essas verdades magoam menos, matando.
Chega de histórias verdadeiras em que não acredito, são ridículas. Chega de gritarias infernais que não se ouvem. Chega de bater em cada tecla esperando prender, e largar a cada batida. A cada vez que salto um batimento.
Chega do que não é meu. Daqui a dois dias eu saio.
Outra vez.
Outra vez.
Outra vez o dramatismo e teatralidade que me despedem de um dia quente, e fica frio.
Está gelado aqui.
quinta-feira
farto do diz que disse
diz que viu
diz que aconteceu
diz que estava lá um amigo de um amigo
que é amigo teu
farto de ouvir
o mais bonito
o mais astuto
o mais sensível
mas o incrível
é que ao espelho eu só vejo o mais bruto
farto das mesmas queixas no mesmo caderno
farto da caneta que me leva ao inferno
farto de mim de ti de nós contra o resto do mundo
a selecção deles é mais forte
ficaremos sempre em segundo
ninguém te disse
ninguém te contou
ninguém te falou
não dá para ganhar
eles dizem foge foge
mas eu fico
foge foge
e eu fico
cada vez mais bandido
não sou luz da serra
nem sombra nem luz
nem sombra da noite
no alvor da madrugada
não sou coisa nem nada
talvez louco
o louco não tem número
o limite da soma é o vazio
não sou murmúrio de rio
nem cigarro viciado
nem ponta de cio
nem lua patética
crescendo e fugindo do tempo que passa
não sou quebra-luz
nem gavinha entrelaçada num abraço de frio
sete raios de sol queimaram o sonho
sete chuvas de esperma o fecundaram
já não sou resina
nem merda nem mijo
nem sangue nem seiva
morreram afrodites e leões de pêlo fulvo
quando se inventou a alma
e eu não sou mais do que rescaldo
já não sou poeta nem nada
Porque já não há nada melhor a dizer.
sábado
são ruas
São ruas velhas esquecidas pelo tempo.
Estas ruas são minhas sem ser, e sou delas mesmo que nunca tenha sido de ninguém. São ruas que te prendem, que te gritam um ‘fica aqui, sê miserável a nosso par’ numa voz doce e convincente, e soam a canto de flauta oca, de madeira. Nestas ruas respira-se bem, mas respira-se obrigado.
Quem disse que era livre aquele que se vergasse à Natureza em si?
Estas ruas minam-nos a mente de ideias brilhantes, ideias perfeitas e inquestionáveis. São as ruas do glorioso saber eterno. Se as seguires serás feliz, se as seguires serás correcto, serás moral. São ruas de uma alegria contente que te encanta o coração, cantando-te na mente, baixinho, tudo em que acreditas.
São ruas que te dominam e abafam, e nelas morrerás se não lhes vires o fim.
São ruas que te encontram.
São ruas que te perdem.
Para sempre.
sexta-feira
estás aí?
O caminho era vago no nevoeiro de tão clara manhã, era branca esta manhã. Tão branca que quase lhe escapavam os vultos de alguém que passava. Os vários alguéns que passavam falhavam também a vê-la, ou a reconhecê-la, e toda a gente se perdia na melodia cansativa de um dia feliz. Contente, talvez. Se calhar não feliz, mas talvez contente. Definitivamente, contente. Ou melancólico.
E nesta imensa mansidão deste dia, ela vagueava os seus olhos pela rua lavada, à sombra das varandas da rua que seguia. Do alto ouvia a música retorcida dos gira-discos antigos, os gritos de um cadavérico filme de terror romanceado. Entrar e sair, almoçar um chouriço bem português com um vinho lá de casa. De França, pouco champanhe lhe importava.
Talvez mais tarde, quando lhe alienassem todos os gestos num toque desgostoso do chique, viesse a banhar-se num champanhe rançoso francês, e francês só por ser de França. A França dos imigrantes e da violência vil dos bairros dos tão ditos franceses importados que pouco se importavam. Mas o mesmo sangue seco pintava as paredes daquela porta, na rua, que dava para mundos debaixo de qualquer limiar de pobreza. De espírito.
Em dois segundos tomou o tempo de observar um alguém que se distinguia no nevoeiro fechado. Amava, ou não reparava, em cada passo que dava, mas amava-se mais a si. Pobre de si, tão igual ao próximo gritante e fluorescente ser, ridicularizado por si, ridicularizado em si.
E no fundo, o nevoeiro não existia. Era só o cobertor aconchegante de uma noite podre, fria e suja que devorava cada segundo de uma bonita existência para a repugnar com vómitos e escarros dos seres fluorescentes. Viam-se e cheiravam-se ratos e ratazanas na noite. Na noite ou no dia, porque a hora ou o tempo pouco interessavam. Interessava sim o lugar. O lugar era português. A situação era desconcertante.
E o nevoeiro era cegueira de quem não quer ver.
terça-feira
domingo
Essencial, adj. 2 gén. (lat. essentiale). relativo à essência, que constitui a essência; indispensável, necessário; característico, importante; o ponto capital.
E é que um dicionário nem é assim tão caro.
Porquê que custa tanto perceber?
quinta-feira
segunda-feira
Faz um gesto que te levante, persegue esse sonho. Quem sabe se não serás alguém, então?
Ergue-te perante a tua figura! Segue o sonho, segue o sonho. Ama o próximo. Vive por ti, vive pelos outros. Corre para aqui, corre para ali. Vive. Respira. Segue a linha dos meus olhos.
Há em cada um, um lago verde em que te perdes. Por isso não mergulhes. Não toques. Não respires. Não te ergas.
Ergue-te…
Sai daqui. Procura uma linha para a tua palavra sincera e conta um conto, porque contar o nada é tarefa nula. E é a tua.
sexta-feira
histórias de alguém que paira além.
Um cheiro, o despertar do sonho alheio.
Uma cama velha e dois corpos. Dois corpos numa cama velha, numa casa velha, num quarto velho, numa aldeia, toda ela, velha. E porquê? A vida cruzou lhes caminhos, o sonho cruzou lhes o desejo, e quase o corpo, tantos tantos anos depois.
Duas horzontais numa vertical de um quarto quadrado, sujo e cheio. E vazio. O fumo sai do teu cigarro, não o apagues.
Porquê que me fizeste isso agora?
quarta-feira
vazio
um fundo. sem fundo. um fundo sem nada nem fundo.
cinzento, ou talvez... não. é cinzento.
é vazio cinzento e fundo mas sem fundo e sem nada.
será que as férias me destroem o cérebro?
definitivamente
SIM
segunda-feira
lá lá lá ninguém sabe o que eu sinto
Há sempre um ideal.
Depois existo eu. Eu, aqui.
E seguimos todo um ideal, cada um a antítese do outro, cada um opondo-se ao sucesso.
Mas existe sempre um ideal. E eu, aqui.
SUDOESTE : D BJÖRK : D FRANZ FERDINAND : D
sexta-feira
Sing us a song, a song to keep us warm
Sim, eu posso ter errado aqui ou ali, mas eu tentei.
Sim, eu errei, mais do que aqui ou ali, e nem sequer tentei.
Sim, tudo isto é errado e mentira, como eu. Mas eu quis.
Ou quase.
We hope that you choke.. that you choke
segunda-feira
sábado
Hoje eu fui à pesca outra vez.
Terra pequena, terra verde. Mas a água, viajada, nem verde era, ou por uma ou duas garradas de lixo. De negro e de fúria: de lixo. Deus, sempre esquecido, sempre ausente: alguém. Sempre alguém. Nunca Deus. Mas era uma terra ausente e esquecida, viva e verde. Uma terra de água.
Da água brotava o peixe, do peixe a fome.
A fome do homem e da fome a sede, o luxo, o prazer. A fome do peixe e o peixe da água.
Mas que água? O prazer brotava do homem, e do prazer: a fome. E dela a água, e o peixe, e a terra. E Deus, às vezes.
Ao fundo havia casas, pátrias, cidades, terras e montes; verdes, menos verdes; cidades, carros, estradas. Mas eram ao fundo, eram longe. Não eram mais suas do que a água. Estava agora morna, depois de fria, ao fim do quente e comprido dia.
E ao décimo nono dia do sétimo mês do 2008º ano, Deus ainda não se tinha lembrado de me dar um coração.
quinta-feira
Dezassete do Sete.
Há um sol, há uma cama. Há sempre uma cama.
A minha é só esta.
Não há os espelhos e os incensos orientais que penetram as grandes noites de paixão, as românticas epopeias de dois corpos suados, ou algo assim. Não, não há sexo.
Não há o cheiro deslavado do álcool, não há o seco cheiro a alguém que não conheço. Não, não há nesta cama horas de perdição, qualquer que seja.
A cama é branca, como bem lhe convém. Esta cama é simples e crua.
Esta cama é minha.
segunda-feira
little room
and you're working on something good.
but if it's really good,
you're gonna need a bigger room.
and when you're in the bigger room,
you might not know what to do.
you might have to think of,
how you got started
sitting in your little room.
white stripes.
obsessiva.
obsessiva.
obsessiva.
obsessiva.
obsessiva.
quinta-feira
Super Bock Super Rock
Eu fui !
Sim, eu, que sou pequena, eu que sou certinha, eu que sou irmã da minha irmã e filha dos meus pais, eu, eu mesmo, fui!
Avenged Sevenfold não gostei, soou me mal. Estive no meio da plateia a fazer danças emo, e deixaram me! Se fosse eu batia-me xD
Slayer foi a Glória, nas grades , demasiado genial para ser verdade. Acho que não me sentia assim, viva, há muitos e longos anos.
Iron Maiden dispensa o que quer que se diga. Excelente música e efeitos, amei !
De seguida houve pêssegos com a Raquel, e viagens até ao Oriente até mais não. Depois comboiinho de embalar até ao metro e metrinho até casinha que foi uma coisa mesmo rica. E agora é não ir dormir até ir.
Post fraquinho, eu sei, mas é meu xD