quinta-feira

quarta-feira

Cai a cortina, só mais uma vez.
Os teus gritos estridentes pressagiavam-se desde o início.

Ambos conhecíamos o fim.
Só eu te amei...

Talvez devesse guardar sorrisos. Guardar os sorrisos. Mas se soa tão falso o seu eco...
Se o que me fazes é deitar me fora, como a um qualquer outro objecto que te incomoda...


Ambos conhecíamos o fim.


Talvez o sono não volte, o sonho desvaneça e eu perpetue.
Talvez o segredo é que o meu fado é ser para sempre eu.
Para sempre o matutar de cada palavra minha.

Ambos conhecíamos o fim.

Agora espero, neste sítio vazio, azul por si. A tristeza flutua sozinha.
Mas eu espero. Agora espero tortuosamente pelo desespero repetido das tuas palavras. Repetidas.
Mas como uma droga que não larga mas destrói, eu anseio-te.

O meu corpo anseia-te.
Vibra, dói, geme...

E tu não tens de tentar. Assim morrerei a teus olhos por teu prazer.


Ambos conhecíamos o fim.
Bate o sol. Ou bateu, já não sei. Incendiou-nos. Foi um ápice, foram dois. Foram dois momentos desconcertantes que desconcertámos só hoje.
Talvez não tenha sido nada. O que é? O que sou? O que fomos? Nada, e nada é algo difícil de se ser. Ser nada sendo tanto é algo que penetra a alma, que a vira do avesso, que a sacode como migalhas de pão. Comeste-o? Não terias comido invariavelmente esse pão, fosse qual fosse? Há razões para ser nada que são bastante mais do que deviam. Há razões para que ser tão nada seja tão bastante mais do que devia.

Porquê tu, porquê hoje, porquê ser, porquê perguntar.
queres lá saber.